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Luís Alberto Alves/Hourpress

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Fundo de Quintal e o samba perdem o talento de Mario Sérgio

Mario Sérgio era um dos grandes nomes do samba da Vai-Vai e do Fundo de Quintal

Luís Alberto Alves

Foi em 1985 que conheci Mario Sergio, falecido no sábado (29) em Nilópolis (RJ), sempre com seu banjo nas rodas da Vai-Vai nas tardes de domingo no bairro do Bixiga, região central de São Paulo. Nos muitos anos que ali fiquei, nunca o vi de mau humor. Era amigo de todos. Quando resolvi comprar um cavaquinho, perguntei a ele se conhecia um bom conservatório para estudar música. Indicou o Souza Lima, no Jardim Paulista, perto da Alameda Jaú, a alguns quarteirões da Vai-Vai.

O samba ainda era discriminado. Tocava pouco nas rádios e raramente aparecia nos programas de televisão. Certa vez o procurei para cifrar uma canção que havia feito. Com a maior boa vontade, em fração de segundos deixou tudo perfeito. De formação clássica, Mario Sergio conhecia música profundamente. Todos tiravam o chapéu para ele.

Mesmo quando resolveu entrar num grupo Fundo de Quintal em 1991, estava presente nos desfiles da Vai-Vai, acompanhando quem cantava o samba no sambódromo do Anhembi. Levava a sério. Cumprimentava desde o empurrador de carro alegórico aos destaques de luxo, contaminados pelo excesso de estrelice.

Hoje não faço mais parte do mundo das escolas de samba, de onde estou distante há 20 anos. Porém quando soube da morte de Mario Sérgio me veio à lembrança as tardes de domingo e desfiles, primeiro na Tiradentes e depois no Anhembi, quando nos encontrávamos para cantar e tocar samba de qualidade, composições que se tivessem sido gravadas estariam na boca do povo até hoje. Mario cumpriu o ritual imposto pela vida. Afinal de contas todos nós teremos o nosso dia de despedida final deste mundo. Para ele foi no sábado (29).



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