Mario Sérgio era um dos grandes nomes do samba da Vai-Vai e do Fundo de Quintal |
Luís Alberto Alves
Foi em 1985 que
conheci Mario Sergio, falecido no sábado (29) em Nilópolis (RJ), sempre com seu
banjo nas rodas da Vai-Vai nas tardes de domingo no bairro do Bixiga, região
central de São Paulo. Nos muitos anos que ali fiquei, nunca o vi de mau humor.
Era amigo de todos. Quando resolvi comprar um cavaquinho, perguntei a ele se
conhecia um bom conservatório para estudar música. Indicou o Souza Lima, no
Jardim Paulista, perto da Alameda Jaú, a alguns quarteirões da Vai-Vai.
O samba ainda era
discriminado. Tocava pouco nas rádios e raramente aparecia nos programas de
televisão. Certa vez o procurei para cifrar uma canção que havia feito. Com a
maior boa vontade, em fração de segundos deixou tudo perfeito. De formação
clássica, Mario Sergio conhecia música profundamente. Todos tiravam o chapéu
para ele.
Mesmo quando
resolveu entrar num grupo Fundo de Quintal em 1991, estava presente nos
desfiles da Vai-Vai, acompanhando quem cantava o samba no sambódromo do
Anhembi. Levava a sério. Cumprimentava desde o empurrador de carro alegórico
aos destaques de luxo, contaminados pelo excesso de estrelice.
Hoje não faço mais
parte do mundo das escolas de samba, de onde estou distante há 20 anos. Porém
quando soube da morte de Mario Sérgio me veio à lembrança as tardes de domingo
e desfiles, primeiro na Tiradentes e depois no Anhembi, quando nos encontrávamos
para cantar e tocar samba de qualidade, composições que se tivessem sido
gravadas estariam na boca do povo até hoje. Mario cumpriu o ritual imposto pela
vida. Afinal de contas todos nós teremos o nosso dia de despedida final deste
mundo. Para ele foi no sábado (29).
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