Muitas vezes a história por trás das músicas é tão boa quanto as próprias. No caso de Thabata, a história por trás das quatro músicas que lança pelo Midas Music é quase tão boa quanto as canções, pois estas são imbatíveis
Redação/Hourpress
Antes de entrar nos bastidores, é importante contextualizar que com a produção, direção artística (e instrumentação, arranjos etc) de Rick Bonadio o trabalho ganhou tamanha pluralidade de gêneros, remetendo ao Norte e Nordeste do país, de guitarrada a cúmbia e merengue, que eles inventaram de certo modo um gênero novo na música mundial.
Tudo começou quando Thabata resolveu pela primeira vez fazer uma live em rede social cantando. Ela andava desacreditada da música e passara três anos em introversão depois da experiência de substituir a cantora Joelma na formação renovada, ao lado de Ximbinha, no Xcalypso, durante três meses.
A música estava nela desde os 9 anos de idade, quando a mãe se casou com artista circense, ela foi morar no circo e começou a se apresentar neste cantando, de pop a sertanejo. Mais madura, seu timbre se mostrou adequado às bandas de axé, onde passou a fazer carreira.
Até ser convidada para substituir Joelma. Mas a experiência durou pouco – divergências conceituais a fizeram desistir do Xcalypso e, por pouco, da música. Esse “por pouco” fica por conta de o destino ter colocado Rick Bonadio a assistir a live de Thabata e encontrar nela a voz que enxergava em seu projeto da mescla dos gêneros já citados de modo requintado.
Eles se falaram e um ano depois, o que Thabata se refere como “presente de Deus” sai em forma de quatro músicas.
“Credo, que Delícia” abre a porta com tudo o que tem direito – referência às guitarradas do Pará, ao calypso (gênero), ao tecnomelody, sintetizador e urgência na letra: “Tô cansada de me ver/No seu TBT/Você é meu passado/Não tô nem aí pra você/(...)O mundo dá mil voltas/Posso me arrepender”.
O timbre imponente de Thabata sobressai em “Fim da Solidão”, onde o tecnomelody fica explícito na riqueza de componentes que o formam – algo como carimbó encontra maxixe e merengue em uma festa regada a Jovem Guarda.
O trabalho viaja ainda mais na latinidade em “Sessão Privê”, com violão quase flamenco e os ingredientes todos já citados, dosagem alta de Reggaeton e pé na tábua em cúmbia e merengue. Calma que ainda falta “Chicletim”, que faz um mexidão de tudo com tempero de axé e lambada entre efeitos eletrônicos.
E pensar que tudo começou porque Rick resolveu entrar na live de Thabata em que ela cantava um pouco de Anitta, algo de Djavan, Pablo Vitar e Luis Fonsi. Alguma dúvida de que Deus protege (e conduz) os artistas?